A felicidade cheira a shampoo barato. Chamaria plenitude se vago não
fosse o saber que emaranhar pernas
e línguas noite passada, nada influencia no emaranhar alheio e todo teu desta
noite e depois. A realidade me bate forte a cara e de repente eu não me basto. Então
criamos cordialidades, mais por medo que por paixão, ou afinidade, ou respeito,
ou sincronia, ou qualquer outra coisa estúpida que ousasses, ou não, chamar de
“sentimento”, porque esse negócio de gostar e sentir falta quando se está longe,
é recíproco, por mais que o calculismo me impeça de falar isso pessoalmente. E
quando falo de sincronia, ou falta de, é por concordar com quando dissesses que
as coisas foram nos inundando do jeito certo, na hora errada e meu maior medo é
que estejas a confundir a sensibilidade de um relacionamento conturbado e eu
“válvula de escape”, com um sentimentalismo demasiado, acolhedor.
Semanalmente nos despedimos sem tom de fim e esse envolvimento não
há de cessar hoje, nem amanhã, nem depois, pois eu acreditei em cada palavra e
por ora preferiria ter sido cética, como sempre fui, em quaisquer outras
situações. Acho que esse negócio de me jogar verdades na cara, por mais doces
que tenham sido, desordenou minhas estruturas e numa dessas de se perder e não
se achar, eu tenha ficado pela metade.
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