Esquinas.


E então eu viajo para uma cidade toda coberta de cinza e poluição, na esperança que toda densidade da fumaça são paulina preencha meu peito até que dele, você seja expulso, por falta de espaço, resistência, saúde ou sabe-se lá o quê. Mas não, você permaneceu ali, por pura teimosia enquanto eu, obriguei-te, não a sair (seria ousadia demais), mas a ficar para escanteio, temporariamente, pelo menos. 
Após ir numa festa de noventa anos da minha tia avó, fui para uma suposta “balada” santista com um dos filhos do genro dela. Dancei, cantei todos os rocks dos anos noventa que a banda tocava e caí, por ímpeto do álcool, da diversão e da distração, nos braços dele. Senti-me pequena diante tanta educação, tanto desejo e tanta timidez de ambas as partes e tanto lisonjeio dele por eu ter aceitado o convite para sair. Ele me pediu para cantar uma música, qualquer uma do Chico Buarque, espontaneamente, dizendo saber que gosto muito do Chico e que sou cantora. Cantei meus versos de Folhetim a outros ouvidos que não os seus, meu caro, cantei e não me doeu nada, aliás, muito pelo contrário. 

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