Copa do Mundo.

Atléticos homens correndo atrás de uma bola - quer dizer, jabulani - todo mundo vidrado em frente as televisões, muito álcool, muita comemoração e viva! Todos se amam. Ninguém dá bola para o que acontece a nossa volta, pois afinal, a "bola da vez" agora, é outra. E o resto, aonde fica? Por mais que este seja o país futebol, não é certo que ele pare por um mês por causa de um campeonato mundial. Copa do Mundo, funciona hoje, como funcionava a prática do "Pão e Circo", quando alimentavam e distraiam a plebe, para que durante a "festa", os fortes pudessem fazer o que era de maior agrado a eles e desagrado aos fracos. Ninguém lembra que é na hora dos jogos, quando meia dúzia de homens trabalham pra valer na Itaipu pra cuidar da energia fornecida ao nosso país, garantindo que todas as televisões funcionem perfeitamente; quando há o maior número de assaltos nas ruas, lojas, carros e casas; quando políticos desviam enormes quantias de dinheiro apenas para "engordar" suas respectivas poupanças; e agora - para inovar - quando três "filhinhos de papai" de supostos ingênuos quatorze anos, aproveitam para drogar, estuprar e estrangular uma menina de suaves quartorze primaveras - tais primaveras, que após tamanha atrocidade, tornar-se-ão invernos glaciais. - Sirotsky pensa que sairá ileso "educando" o filho, "le petit monstre", dessa maneira. - "Estupre uma criança e ganhe uma viagem ao exterior". Acontece que Florianópolis só tem reclamado de um dos monstrinhos, enquanto os outros dois escapam por baixo dos panos. Luiz Carlos Prates, hipócrita. Tanto julga, tanto reclama... Tanto atua. Comediante. Convence poucos ao atuar sobre seu drama. Tragicomédia, e é aí que as máscaras caem. Onde estão os moralistas da RBS? Vergonha estadual. Existe tamanha cara-de-pau de fingir que nada aconteceu, apenas para poupar o coração do amado chefe, Sérgio Sirotsky. Isso não é caso de mandar as "crianças" para psicólogos, muito menos para férias no exterior; é caso de internação, isolamento supervisionado pela polícia, sem dó nem piedade. Não se deve ter pena dos que pena não tiveram ao cometer o crime. O bom e velho castigo que não fora dado até a presente data, já não mais adiantará. Falta de imposição de limites dos pais para com suas crias e que colham o que plantaram. Não é justo clicar sempre na mesma tecla, o filho do Sirotsky não fez isso sozinho, mas o que mais indigna a capital, é o fato do silêncio absoluto da RBS para com esse assunto. Garante-se que se fosse a filha do "poderoso chefão" a ser drogada, violentada e estuprada, a RBS faria questão de fazer uma campanha para punir os criminosos. E a mãe desse garoto? Não merece punição? Veste a vítima, ainda desacordada, enrola um cachecol em volta de seu pescoço e liga para a família da menina dizendo: “Venham buscar sua filha, pois sabe como são esses adolescentes, fizeram uma festinha aqui em casa na minha ausência, andaram bebendo e se passando. Ela está meio bêbada e caindo pelas tabelas.” Crime por omissão e acobertamento de menores infratores! Tudo bem que o susto deva ter sido grande e o instinto maternal tenha falado mais alto, mas crime é crime, sendo filho ou não, os três são criminosos e para cada crime, sua devida punição. Como o mundo anda precoce! Não mais existe censura, pois deveria. A cada ano que passa, mais precoce fica o mundo. - Mario de Andrade escreveu no livro Macunaíma, dizendo que o menino Macunaíma virou homem quando soube ir atrás do mato fazer criança. - Não existe mais idade pra isso. Criança que sabe fazer criança, não criança mais é, já se tem plena capacidade de entender o que é certo e o que é errado e que não se nasce da cegonha. Falando nisso, as crianças de hoje em dia, nem mais escutam a história da cegonha. Hoje, aprende-se sexo nas escolas e talvez seja essa uma das razões para tanta precocidade, sem eufemismos. Brasil, um país onde o auge da moda encontra-se focado na luxúria mais evasiva de todos os tempos, na atração, devassidão; lugar onde sexo virou moda. É onde o funk "dança da motinha" tornou-se uma das mais belas poesias. Hoje, grandes nomes da música popular brasileira, estão cada vez mais "extintos" das cabeceiras juvenis e uma "música bastante popular brasileira" - quiçá uma inovadora MBPB? - está drasticamente sendo posta no lugar da boa e suave MPB. Ela, sempre tão defensora de ideias, grande e constante participante da história do Brasil, está a ser rotulada de "careta" por infantis ouvidos da maioria da juventude do século XXI. Atualmente, pessoas vendem e procuram por sexo em todos os lugares. Matinês foram abolidas. As festas adolescentes começam na calada da noite e terminam ao amanhecer, os horários estão invertidos! Meninas engravidam aos treze anos de idade, quase não existe mais amor à primeira vista, não existem mais serenatas e o assunto corriqueiro entre jovens nas ruas e escolas é nada a mais, nada a menos que sexo. Quatro letras que juntas formam uma palavra de pronuncia legal, mas que não precisavam cair na boca de crianças, pelo menos não tão cedo. Propagandas de cerveja estão cheias de erotismo, futebol passou a ter musas. "Merchandising" direto e indireto ao sexo sem pudor algum. Mentes maliciosas, comidas afrodisíacas, perfumes que despertam desejo... Os adolescentes convivem com sexo vinte e quatro horas por dia e depois ninguém entende o motivo de tanta promiscuidade precoce. Os motéis, antigos postos de descanso para caminhoneiros, hoje têm camas redondas, espelhos no teto, banheiras com hidromassagem, ambientes climatizados e músicas sensuais ao fundo, só resta colocar uma placa à frente: "Aqui vende-se sexo. R$25,00 a pernoite". O doce "broto" passou a ser chamada de "gostosa", foi-se o tempo em que se fazia amor escondidinho. Hoje tem aí, carnes de todos os tipos para quem quiser apreciar, "à la carte". Sirva-se!

9 comentários:

Vanessa Pinho disse...

Carol,
É incrível o que acontece por aqui.
O mundo está virado. Seu texto fala por mim, concordo com cada palavra.

Essa barbaridade aconteceu e eu só fiquei sabendo através do twitter, sendo que vejo os jornais todos os dias.
Quanta injustiça. É triste.

Vanessa Pinho

http://www.fabriciapinho.com.br/blog/

mayara mattar disse...

carol e a arte de transcrever o estimado rascunho que minha mente tenta encaixar. obrigada.

Anônimo disse...

Todo processo precisa testar seus limites até encontras suas devidas proporcoes. Do completo tabu, à banalizacao. Isso é a busca pelo equilibrio.
Ainda assim, me chega a ser indignante a proposta de que alguém aos 14 pode ser completamente responsável por seus atos. Deixar um pau duro nao é sinonimo de maturidade. Existem muitas razoes que os levaram a fazer o que chegou ao conhecimento de todos, e nao os defendo, tampouco justifico. Só confio nas palavras de Gandhi: olho por olho e o mundo acabará cego.

Fátima disse...

Para o Anônimo: é porque não é a sua filha!

Anônimo disse...

ótimo texto, realmente verdadeiro!
Mas preciso te lembrar que jornalismo não é sensacionalismo. No jornalismo, lidamos com fatos, e são esses fatos que vêm sendo apresentados pelas empresas de comunicação da cidade. Opinião e lições de moral, a sociedade deve procurar em outros meios, que não os jornais.

Carolina Pires. disse...

E é por essas e outras, que chamo Luiz Carlos Prates de hipócrita. Ele que tanto julga, tanto opina, tanto dpa lições de moral, agora está calado. E aí? Onde fica o moralismo?

carolina disse...

é bom ver um pouco de consciência social. me meti num meio tão político-economico-social que confesso que parte da poesia se exilou me meu peito e calado, e me encontrei aqui contigo, com essa revolta que bate em toda copa, mas se esconde baixo do pano verde e amarelo

Isadora Cecatto disse...

Gosto daqui, sempre gostei. Tenho uma visão parecida, diferente em alguns aspectos... Enfim. Sempre bom ouvir - ler? - alguém que usa a cabeça pra analisar as coisas.

Na minha cabeça resta um paradoxo complicado: se fosse meu filho, eu publicaria a notícia nos jornais da minha própria emissora? Sinto que não. E é aí que surge o outro lado: filho meu nunca teria educação precária o suficiente pra fazer o que fez... Ao menos eu acho.

Fernanda de Alcantara disse...

Fiquei sabendo desse caso, mesmo sendo do Tocantins. Essas coisas nunca serão sem importância para mim também, o escarcel deveria existir para esse tipo de coisa aliás, e não para carnaval. Eu sempre deixo claro que sou uma velhinha no corpo de uma moça de 18, porque minha moda é a antiga, mesmo que eu seja meio moderna, vez ou outra...rs