Às vezes por ser, ou talvez não ser e querer, quiçá. Não nos bastamos mais e esse jogo de palavras só tende a me&te confundir mais, mais e mais, ad infinitum. Preciso do cru, do nu, do azedo na boca do estômago, de dois dedos de ilusão sem gelo e então. Então acordar e ver que minha cama está vazia e que meus lençóis estão frios. Eu não tenho mais pernas entrelaçadas a esquentar-me e certos dedos macios a acariciar-me a tez castanha, nem um pouco casta. Mais uma vez aqui, não pensei, não digeri, e escrevi. Sabe, encontrei duas pessoas hoje à caminho de casa e aquela conversa toda me inspirou. Há tempos não esboçava uma golfada sequer, meus indigestos ficaram para trás. Ah! A nostalgia... Chega uma hora em que você se olha nos espelho e se estranha, apenas por ver uma imagem, um reflexo ofuscado do seu próprio corpo e tenta descobrir de quem é aquela imagem. Às vezes eu me desconheço e a cada dia apanho dessa fidúcia. Amar, talvez? Hoje não. Eu me bastei de todos os amores que já tive, transbordei por todos os poros o aroma das camélias douradas. Desnudei-me em meias-palavras, mas não sei dizer se minhas poesias eram pra ti. A confusão me é inevitável e eu só quero saber de não saber o que se passa por aqui. Mais uma vez faltaram as necessárias doses de lucidez, dessa vez com muito gelo e dois dedos d'água. Tu me escrevias, eu sei - guardo todas as cartas e pétalas de rosa - meu perfume estava naquelas entrelinhas e eu relutei, esquivei. Minha autocrítica tem falado alto e sozinha em meus ouvidos. Mas é como eu disse, incide. Não tenho o retorno pra todas as perguntas, mas já tive tanta certeza das minhas respostas ao ponto de querer sumir. Como eu ia dizendo, o miojo queima na penela e eu estou aqui a descrever-te em retalhos (irremendáveis). Ah! Eu amei. Amei quando me beijavas com o mais puro, vasto e íngreme desejo e eu me perguntava como eras capaz de me fazer tão feliz - sempre prezei pela sinceridade - mas estou exausta. Não sabias o que esperar de mim. Nem eu. Mas cresci, amei-te delineado nas sombras disformes dos nossos corpos projetados contra a parede fosca naquela noite de lua cheia em que me pedisses a mão que eu dei. Dei-te todo meu vasto-nulo amor próprio que acabei de reencontrar por entre minhas palavras avessas de pura (in)constância. Puxasses-me pelo braço, eu te dexei o casaco nas mãos e fui, embora. Não sei se volto.

2 comentários:

Fernanda de Alcantara disse...

Que massa de macarrão deliciosa com molho de tomate suculento! Eu estava com muitas saudades das suas golfadas...precisava te ler, aiai...

Ficou bom, dá saudade até no leitor, dá vontade, dá tristeza, dá recuperação.

Fernanda de Alcantara disse...

Que massa de macarrão deliciosa com molho de tomate suculento! Eu estava com muitas saudades das suas golfadas...precisava te ler, aiai...

Ficou bom, dá saudade até no leitor, dá vontade, dá tristeza, dá recuperação.