Sem Ana, nem Blues. - uma bagunça e tanto.

O maior problema é esperar a atitude alheia enquanto eu deveria ter minha própria. Mas falar, dormir, comer torna-se impraticável e nem minha melhor máscara de felicidade me veste bem hoje. Desidratando, criando peixes nos olhos, por saber, por sentir e ter cada vez mais fidúcia de que minha intuição não falha nunca. Por onde andou todo meu virginianismo? E minha frieza? Eu não poderia ter me entregue tanto... Eu te amos, por mais lindos e sinceros que sejam, não me são digeríveis hoje, nem amanhã e depois. Egoísmo de minha parte desejar que fossem só pra mim, tendo em vista que há outro alguém que alimentou-se deles por anos e hoje sofre de carência deste mesmo, que erroneamente roubei. Minha mãe que sempre me chamou, ironicamente, de Madre Tereza de Calcutá, santa pela qual, se catolicismo me calhasse, eu seria devota (talvez por me identificar com, mesmo com todo sarcasmo maternal que essa abraça), por me preocupar demais, por pensar mais nos outros do que em mim. Ela diz que eu deveria tomar cápsulas diárias de egoísmo e amor próprio. Mas hoje eu só quero saber das minhas doses cavalares de realidade e desapego, pois eu não posso querer pra mim, algo que nunca foi meu. Ele me fez sonhar, planejar e me fez acreditar em cada vírgula que dão vida-morte (severina) as minhas palavras de agora, com ar de quem, por obrigação e não por vontade, se despede. E como eu disse ao telefone, quase me afogando com os litros de lágrimas que não corriam no meu rosto há tanto e resolveram inundar-me justo agora, de uma só vez... "Se eu tiver que desistir, assim o farei, mas deixo claro que não quero." Num jogo de três, um sempre sai perdendo e este serei eu, eu sinto isso, por não saber me impor nesse sentimentalismo que tanto me comandou (e continua).  É triste amanhecer, enquanto o outro ainda anoitece. E NY, veraneio nas ilhas gregas, Cidade Maravilha, Canadá... Tudo isso me escapa entre os dedos, querendo que eu os recupere, mas não. Por mais que queira, não posso tentar influenciar em uma decisão que é só dele e é por saber, por ter escutado que passou por sua cabeça dizer a ela que se afastaria de mim, que eu, aqui, me despeço, pois se teve uma coisa que aprendi na minha criação, nesses quase vinte anos de inovação e desobediência, foi que "há de se ter respeito ao próximo" - por mais que este tenha ficado de lado até então. Eu o amo, mesmo que seja cedo para sentir e hoje já seja tarde demais para dizer, mas vou embora. Vou, porque adormeci tarde e amanheci chorando. Eu que sempre contei com o tempo, hoje, agora que a madrugada em claro já passou, fiz questão de perder o meu relógio, pois apenas o tempo acalmará essa ardência e eu me recuso controlá-lo, porque ele se vai, deixando em mim a incapacidade de aproveitar mais do que deveria.  Sinto saudades dos aromas, dos suores, da minha falta de palavras substituídas por gestos. A distância enlouquece, estranha e entranha e lacrimejando imploro por um desapego que possa ser permeado, puncionado feito morfina, apenas para apartar a dor da insuficiência. Uma falta que não permito que seja retificada e distraída à instância ou gozos carnais fodidos e mentirosos de outrens. Surge então uma incerteza em demasia, o receio de que ele, assim como eu, sinta tamanha falta do apego aqui deixado e tente procurá-lo na pele dela e assim esqueça de mim, porém, sinto que parte de mim entra aos  poucos em seu peito, tal como minha voz em sua cabeça, tal como ele disse, por mais absurdo que eu ache, alarmando a falha de amor que somente eu, com tamanha plenitude e reciprocidade posso suprir. E se ele chamar, eu volto, sem pestanejar. Uma desesperança, um desengano, uma, duas, três, cem, mil lágrimas e... Silêncio, tipo luto - há de se respeitar, portanto, deixe-me calar, por favor. 

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